DEICIDE
Till Death Do Us Part
Earache – imp.
Disco novo do Deicide é sinal de polêmica a vista e boa qualidade. Ainda que no contrato final com a Roadrunner, a banda tenha dado umas escorregadas, fazendo discos “apenas bons”, como Insineratehymn e In Torment In Hell (do qual a banda apenas fez o mesmo, sem inovar), mesmo estes álbuns são acima da média do Death Metal. Depois do bom Scars Of The Creucifix e do ótimo Stench Of Redemption, a banda lança o excelente Death Do Us Part. O lado polêmico de hoje, passa a ser mais folclórico do que ameaçador. No passado, Glen Benton fazia declarações infelizes de maus tratos aos animais e de que suicidaria aos 33 anos no palco. O lado sério ficava para as letras e declarações luciferianas ou satânicas, que ainda continuam, claro. Mas neste disco, que vem em slipcase, na capa do Slip, que difere da capa oficial do disco, tem um carimbo com um desenho de Benton e o slogan “Glen Benton for president”. O cara foi longe demais e só alonga ainda mais se currículo de polêmicas extra música. Musicalmente falando, Death Do Us Part é um disco como o Deicide há muito não fazia. Além de ser uma “volta” as raízes (entre aspas mesmo, pois a banda nunca as deixou), a banda continua com sua evolução em técnica, velocidade e brutalidade. The Beginning Of The End é a intro, só que longa, quase 4 minutos e toda instrumental (sem aqueles ventinhos e trovoes tão comuns ao estilo). A faixa-título vem numa linha cadenciada, bem ao estilo da Flórida, seguida de Hate Of All Hatreds, um pouco mais veloz. E a coisa deslancha mesmo com In The Eyes Of God, uma das faixas mais brutais que já ouvi! Os vocais guturais de Benton estão cada vez mais cavernosos e o interessante, que há poucos momentos instrumentais em suas músicas: ele berra o tempo todo, o cara não respira! E ele faz isso ao vivo da mesma forma, sem mudar tom nem dar pausa (ao vivo, a execução é literal, pois as faixas são executadas ainda mais rápidas!). Em Worthless Misery, Benton chega aos extremos, é impossível de se imaginar como um ser humano possa gutalizar tanto seus vocais, tão rápido e ainda não ser ininteligível, você consegue entender a letra (pelo menos, grande parte delas). Aqui, nesta faixa ainda, nas partes mais lentas, começa algumas cadencias mais climáticas, alternado com o esporro todo. E o que dizer do massacre de Severed Ties? Ouça essa faixa, sem brincadeira, e se assombre e bangueie até não conseguir mais! Benton ainda consegue criar novos clássicos dentro de linhas musicais já existentes há duas décadas e muito desgastadas ultimamente. Isso é talento! Como ele é baixista e o principal compositor, as músicas têm que sair assim mesmo. Normalmente, quando o compositor é um baixista, ele compõe no baixo tudo e depois entra o resto. Por isso, as faixas soam tão cheias e poderosas. Isso ocorre com o Motörhead, Venom, Krisiun e tantos outros. Ainda quanto a Severed Ties, seu refrãoe suas estrofes ficarão na sua cabeça para o resto da sua vida! Em Not As Long As We Both Shall Live, lembramos que existe um tal de Jack Owen na guitarra, ex-Cannibal Corpse e que é um dos melhores guitarristas de Death Metal, sem dúvida. Aqui, ele riffa como poucos, e solo com muita técnica, conseguindo fazer o real intento dos solos no Rock e no Metal, que é criar uma música dentro de outra, e nao apenas fazer um monte de notas desconexas dentro da mesma escala. Claro, Ralph Santolla também fez guitarras em estúdio, o Deicide sempre tocou com duas. E não deixam nós sentirmos falta dos irmãos Eric e Brian Hoffman no instrumento. Encerrando, The End Of The Beginning. Ou seja, eles abrem com The Beginning Of The End, o começo do fim, e fecham com The End Of The Beginning, ou seja, o fim do começo, numa clara alusão à morte que nada mais é do que isso mesmo. Ainda vale citar que Benton ano passado fez os vocais no último disco do Vital Remains, Icons Of Evil e que ele não precisa fazer o mínimo esforço para “se esforçar” em fazer dois estilos de vocais diferentes para as duas bandas. O cara é foda, e Death Do Us Part precisa sair no Brasil o mais urgente possível, bem como eles retornaram a tocar por aqui! JCB – 9,0
Track list:
01. The Beginning Of The End
02. Till Death Do Us Part
03. Hate Of All Hatreds
04. In The Eyes Of God
05. Worthless Misery
06. Severed Ties
07. Not As Long As We Both Shall Live
08. Angel of Agony
09. Horror in the Halls of Stone
10. The End Of The Beginning |